A perspectiva do final do ano move boa parte das pessoas
em direção a alguns poucos objetivos: preparar a ceia e a casa para
receber os amigos, planejar a viagem de férias, comprar presentes e
participar de inúmeros compromissos sociais. A vida cotidiana, que já é
corrida, vira um verdadeiro caos. Para se ter uma ideia, segundo
pesquisa da International Stress Management Association (ISMA Brasil),
experimenta-se um aumento de até 75% no nível de estresse no período que
antecede as festas. O estudo foi feito em Porto Alegre (RS), com 678
pessoas na faixa etária de 25 a 55 anos.
Os resultados apontam para o que a maioria das
pessoas sente na pele nesse período. Não bastasse o acúmulo de
obrigações, essa também costuma ser uma fase de maior cobrança nas
escolas e nos ambientes profissionais. "O estresse de fim de ano afeta
desde as crianças e jovens por causa das provas, notas e atividades de
recuperação, até os mais velhos que, em geral, estão sobrecarregados no
trabalho. Isso porque muitas empresas fazem um balanço nesse período e
algumas dão férias coletivas. Porém, para descansar alguns poucos dias
em casa, é preciso trabalhar dobrado antes", observa o psicólogo clínico
Armando Ribeiro das Neves Neto, professor e supervisor do Programa de
Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-FMUSP).
A época também coincide com uma espécie de
balanço pessoal, em que as pessoas costumam reavaliar metas, para
descobrir o quanto avançaram em relação às suas realizações, dentro e
fora do trabalho. "Sempre que um ano está terminando, é comum pararmos
para refletir sobre o que fizemos ou deixamos de fazer. E é essa
avaliação o que nos faz sentir mais ou menos pressionados, mais ou menos
tristes ou melancólicos.
O final de ano também traz consigo a memória de
outros finais de ano das nossas vidas, e, dependendo de como ela é
atualmente, podemos sentir falta ou saudade dos bons tempos passados,
seja com a família ou com amigos", diz a psicóloga Olga Tessari, autora
do livro Dirija sua vida sem medo (Editora Letras Jurídicas). É a fase
em que muitos se pegam nas perdas e nas frustrações, sem avaliar
devidamente os ganhos ou mesmo o esforço feito. É o tempo de dizer:
"Este é o primeiro Natal sem meu pai" ou "Mais um ano sem uma promoção
no trabalho". Por outro lado, há uma certa cobrança para que, nos
encontros da família, todos pareçam felizes e radiantes, o que
evidentemente gera um certo nível de estresse em quem não está se
sentindo 100% satisfeito consigo mesmo.
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Não se leve tão a sério
Avalie se você não está se expondo a uma autocobrança excessiva e se não está focando apenas naquilo que não conseguiu realizar. "A personalidade é um fator-chave para deflagrar a reação ao estresse. Isso explica por que duas pessoas, expostas à mesma situação estressante, reagem de maneiras completamente diversas. Pensamentos pessimistas e intolerantes consigo mesmo são alguns dos aspectos emocionais que potencializam o problema em nossas vidas. Quem tem esses traços mais marcantes em sua personalidade, em geral, tem a clareza mental afetada, a ponto de não conseguir discernir entre problemas pequenos e solucionáveis e grandes problemas insolúveis", alerta o psicólogo Neves Neto. Reflita a respeito do que incomoda, tente identificar padrões de pensamentos distorcidos, negativos e irreais. Lembre-se sempre de não focar apenas no que não deu certo, mas também nos seus avanços, por menores que tenham sido. Em geral, a sensação de que fez o melhor que poderia ter feito, em determinada situação e com os recursos que tinha à mão, apazigua e conforta.
Avalie se você não está se expondo a uma autocobrança excessiva e se não está focando apenas naquilo que não conseguiu realizar. "A personalidade é um fator-chave para deflagrar a reação ao estresse. Isso explica por que duas pessoas, expostas à mesma situação estressante, reagem de maneiras completamente diversas. Pensamentos pessimistas e intolerantes consigo mesmo são alguns dos aspectos emocionais que potencializam o problema em nossas vidas. Quem tem esses traços mais marcantes em sua personalidade, em geral, tem a clareza mental afetada, a ponto de não conseguir discernir entre problemas pequenos e solucionáveis e grandes problemas insolúveis", alerta o psicólogo Neves Neto. Reflita a respeito do que incomoda, tente identificar padrões de pensamentos distorcidos, negativos e irreais. Lembre-se sempre de não focar apenas no que não deu certo, mas também nos seus avanços, por menores que tenham sido. Em geral, a sensação de que fez o melhor que poderia ter feito, em determinada situação e com os recursos que tinha à mão, apazigua e conforta.
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Chore, se precisar
Se em alguns momentos você sentir o coração apertado, por causa da ansiedade, da tensão ou da tristeza, permita-se chorar. "O choro alivia muito o estresse. Só não vale alimentar essa melancolia e frustração, relembrando situações que não vão voltar mais ou culpando-se. Aproveite a virada do ano para estabelecer novas metas e pensar em como pode ser mais feliz a cada dia, daqui em diante", sugere Olga.
Se em alguns momentos você sentir o coração apertado, por causa da ansiedade, da tensão ou da tristeza, permita-se chorar. "O choro alivia muito o estresse. Só não vale alimentar essa melancolia e frustração, relembrando situações que não vão voltar mais ou culpando-se. Aproveite a virada do ano para estabelecer novas metas e pensar em como pode ser mais feliz a cada dia, daqui em diante", sugere Olga.
Sinais de alerta
Risadas com amizades do bem
Não se sinta na obrigação de passar mais tempo do que o necessário na companhia de parentes com quem não tem nenhuma afinidade, só porque é época de festas. Prefira o contato com pessoas que lhe são realmente agradáveis. Se for preciso, decline de alguns convites. "Se aceitar tudo, sua agenda ficará lotada com prioridades de terceiros e sobrará pouco tempo para você cumprir aquilo que planejou, o que realmente gostaria de fazer", pondera Barbosa. |
Para piorar, a maioria das pessoas acaba
gastando mais do que deve nos últimos meses do ano, sem se planejar. A
preocupação com as inúmeras dívidas feitas é apontada pela psicóloga
especializada em estresse, Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-BR, como o
segundo maior motivo de tensão e nervosismo no período, depois da
sobrecarga de trabalho.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
o estresse pode estar associado a sete
das dez doenças que mais matam no mundo
o estresse pode estar associado a sete
das dez doenças que mais matam no mundo
Assim, os sintomas do mal-estar emocional não
tardam a aparecer no físico, complicando a vida do ansioso. "É muito
comum que, por não controlar o estresse, comecemos a perceber algumas
mudanças no corpo, como um cansaço sem motivo aparente, dificuldade de
concentração, fome exagerada, taquicardia e falta de ar. Quem já tinha
problemas de saúde antes pode vê-los se agravarem: a pressão que já era
alta atinge níveis críticos, a gastrite aperta, as alergias e os
problemas respiratórios passam a incomodar mais. E isso sem falar nas
dores generalizadas no corpo, que também podem ser consequência do
estresse", alerta Olga.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o
estresse pode estar associado a sete das dez doenças que mais matam no
mundo, como é o caso das complicações cardiovasculares e até mesmo do
câncer. "Teoricamente, o estresse leva o organismo a um desgaste, o que
nos torna mais vulneráveis às doenças.
Isso porque a tensão altera o funcionamento dos
hormônios e demais neurotransmissores, responsáveis pela saúde e
bem-estar. O excesso de adrenalina e cortisol na corrente sanguínea, por
exemplo, está diretamente relacionado ao enfraquecimento do sistema
imunológico", explica Neves Neto.
Se ficarmos em situações altamente estressantes por longos períodos, fatalmente adoeceremos
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Momentos lúdicos para e por você
Adiar as aulas de ginástica, perder algumas boas horas de sono todos os dias, trocar a refeição balanceada por um lanchinho rápido são maneiras eficientes de potencializar o estresse e as doenças relacionadas a ele. Por isso, procure anotar também as suas atividades de cuidado pessoal na agenda, reservando o intervalo necessário para cada uma delas. Aprenda a adiar um ou outro compromisso menos importante ou a delegar tarefas. "Também é interessante separar um tempinho para relaxar: ouvir músicas mais calmas, massagear o corpo durante o banho, meditar, praticar ioga, respirar calmamente. Adotar práticas de relaxamento no dia a dia, e não só em situações altamente estressantes, ajuda a manter a tensão bem longe", garante Neves Neto.
Adiar as aulas de ginástica, perder algumas boas horas de sono todos os dias, trocar a refeição balanceada por um lanchinho rápido são maneiras eficientes de potencializar o estresse e as doenças relacionadas a ele. Por isso, procure anotar também as suas atividades de cuidado pessoal na agenda, reservando o intervalo necessário para cada uma delas. Aprenda a adiar um ou outro compromisso menos importante ou a delegar tarefas. "Também é interessante separar um tempinho para relaxar: ouvir músicas mais calmas, massagear o corpo durante o banho, meditar, praticar ioga, respirar calmamente. Adotar práticas de relaxamento no dia a dia, e não só em situações altamente estressantes, ajuda a manter a tensão bem longe", garante Neves Neto.
Saídas possíveis
De acordo com os especialistas, a saída é detectar o quanto antes os sinais de que os níveis de ansiedade e nervosismo estão acima dos limites e buscar imediatamente estratégias de compensação. "O estresse normalmente é imperceptível ou invisível para a maioria das pessoas, pois o ambiente de trabalho, escolar ou familiar acaba mascarando os seus sintomas. No entanto, se não for tratado a tempo, ele pode ser responsável por baixa produtividade no ambiente profissional ou baixo rendimento, por problemas conjugais, íntimos, entre pais e filhos etc. Se permanecemos em situações altamente estressantes por longos períodos, fatalmente adoeceremos", avisa o psicólogo. Felizmente, há táticas que podem ser usadas para se driblarem tantos efeitos negativos sobre a saúde do corpo e da mente. Segui-las à risca aumenta as chances de terminar o ano bem. E pode garantir um ano melhor ainda.
Encare o trampolimDe acordo com os especialistas, a saída é detectar o quanto antes os sinais de que os níveis de ansiedade e nervosismo estão acima dos limites e buscar imediatamente estratégias de compensação. "O estresse normalmente é imperceptível ou invisível para a maioria das pessoas, pois o ambiente de trabalho, escolar ou familiar acaba mascarando os seus sintomas. No entanto, se não for tratado a tempo, ele pode ser responsável por baixa produtividade no ambiente profissional ou baixo rendimento, por problemas conjugais, íntimos, entre pais e filhos etc. Se permanecemos em situações altamente estressantes por longos períodos, fatalmente adoeceremos", avisa o psicólogo. Felizmente, há táticas que podem ser usadas para se driblarem tantos efeitos negativos sobre a saúde do corpo e da mente. Segui-las à risca aumenta as chances de terminar o ano bem. E pode garantir um ano melhor ainda.
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Respire
"Sente-se confortavelmente, com a coluna ereta, os olhos fechados. Coloque a atenção no momento presente e tente afastar as preocupações. Concentre-se na sua respiração e vá desacelerando. Em seguida, com o polegar da mão direita, tape a narina direita e inspire com a narina esquerda. Retenha o ar com os pulmões cheios e troque a narina em atividade, tampando a narina esquerda e expirando pela direita. Então, inspire novamente pela mesma narina, ou seja, a direita. E, com os pulmões cheios, troque a narina em atividade e expire pela esquerda. Comece fazendo 5 ciclos completos e vá aumentando gradativamente", indica Márcia de Luca, especialista em ioga e ayurveda.
Massageie-se
"Recolha-se por alguns minutos, abaixe a luz, coloque uma música suave e toque as partes do corpo que estão retendo toda a sua tensão. Faça movimentos espontâneos e delicados. Algumas regiões merecem atenção (cabeça e ombros). Na cabeça, faça uma massagem com a ponta dos dedos, em todo o couro cabeludo. Para aliviar os ombros, segure o músculo que fica entre o pescoço e o ombro - com firmeza, e faça movimentos de rotação para a frente e, para trás. Conte 30 segundos para cada região que sentir necessidade de massagear", diz Cristina Almeida, professora de ginástica holística.
Relaxe
"Em pé, inspire, elevando os braços acima da cabeça. Em seguida, expire, enquanto leva o corpo para a frente, abandonando os braços e a cabeça, com os joelhos estendidos. Permaneça por alguns segundos assim. A posição relaxa as costas, aumenta os espaços entre as vértebras e tira aquela sensação de peso nos ombros e na lombar. Repita quantas vezes for necessário, até se sentir melhor", ensina a professora de ioga Diana Bruck.
Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/104/artigo242757-2.asp 26/11/2012
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