O Transtorno Depressivo Infantil é um transtorno do humor capaz de comprometer o
desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir com seu processo de
maturidade psicológica e social. São diferentes as manifestações da depressão
infantil e dos adultos, possivelmente devido ao processo de desenvolvimento que
existem na infância e adolescência.
A depressão foi considerada a principal doença psiquiátrica do século, afetando
aproximadamente oito milhões de pessoas só na América do Norte (onde são feitas
as principais pesquisas). A morbidade da depressão se reflete no fato de que os
adultos deprimidos são 20 vezes mais propensos a morrer de acidentes ou de
suicídio do que adultos sem transtorno psiquiátrico.
Tanto os quadros de Distimia quanto de Transtorno Afetivo Bipolar, podem surgir
pela primeira vez durante a adolescência e o reconhecimento precoce de um estado
depressivo poderá ter profundos efeitos na futura evolução da doença.
Apesar da tamanha importância da Depressão da Infância e Adolescência em relação
à qualidade de vida, ao suicídio, às dificuldades na escola, no trabalho e no
ajuste pessoal, esse quadro não tem sido devidamente valorizado por familiares e
pediatras e nem adequadamente diagnosticado.
Embora na maioria das crianças a sintomatologia da Depressão seja atípica,
alguns podem apresentar sintomas clássicos de Depressão, tais como tristeza,
ansiedade, expectativa pessimista, mudanças no hábito alimentar e no sono ou,
por outro lado, problemas físicos, como dores inespecíficas, fraqueza, tonturas,
mal estar geral que não respondem ao tratamento médico habitual.
Na criança e adolescente a Depressão, em sua forma atípica, esconde verdadeiros
sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, de agressividade,
hiperatividade e rebeldia. As crianças mais novas, devido a falta de habilidade
para uma comunicação que demonstre seu verdadeiro estado emocional, também
manifestam a Depressão atípica, notadamente com hiperatividade.
A depressão na criança e/ou adolescente pode ter início com perda de interesse
pelas atividades que habitualmente eram interessantes, manifestando-se como uma
espécie de aborrecimento constante diante dos jogos, brincadeiras, esportes,
sair com os amigos, etc, além de apatia, adinamia e redução significativa da
atividade. Às vezes pode haver tristeza.
De forma complementar aparece diminuição da atenção e da concentração, perda de
confiança em si mesmo, sentimentos de inferioridade e baixa autoestima, idéias
de culpa e inutilidade, tendência ao pessimismo, transtornos do sono e da
alimentação e, dependendo da gravidade, ideação suicida.
Incidência
O reconhecimento de um quadro depressivo infantil e da adolescência como um
transtorno que pode afetar pessoas desse grupo etário, reivindicada há mais de
30 anos pelo IV Congresso de a União de Pai do psiquiatras Europeus, de 1971 em
Estocolmo (Annell, 1972), resultou na elaboração de critérios de diagnóstico
para esse quadro, denominando-o de Transtorno Depressivo na Infância e
Adolescência (DSM-IV, 1994).
Os
dados de prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência não são
unânimes entre os pesquisadores. Devido à diversidade dos locais onde os estudos
são realizados e das populações observadas, vários índices de prevalência têm
sido estabelecidos para a depressão na infância. Talvez as dificuldades devam-se
às discrepâncias de diagnóstico, já que alguns consideram como Depressão alguns
casos atípicos, como por exemplo, a Fobia Escolar, a Hiperatividade, etc.
Estudos
norte-americanos revelam uma incidência de depressão em aproximadamente 0,9%
entre os pré-escolares; 1,9% nos escolares e 4,7% nos adolescentes (Kashani,
1988 apud Weller, 1991). Mas esses números são demasiadamente otimistas.
Há mais de 30 anos, os estudos de Rutter, Tizarde e Whitmore (1970) começaram a
aportar uma prevalência da Depressão Infantil em aproximadamente 1% das crianças
de 10 anos. Dezesseis anos depois, Rutter (1986) volta a pesquisar e considera
que os quadros depressivos são muito mais freqüentes na adolescência do que na
infância. Essas suspeitas foram confirmadas mais tarde por Ciccheti, em 1995.
Nesse ano Goodyar situa a prevalência do Transtorno Depressivo na Infância e
Adolescência entre o 1,8% e 8,9%.
Embora seja difícil reunir dados sobre a incidência de
Depressão Infantil, em recente artigo
Jose Luis Pedreira Massa assinala que, na Espanha, a
media de transtornos depressivos também pode situar-se em torno de 9% na
população geral infantil menor de 12 anos, sendo algo superior na adolescência.
Sintomas
A Depressão Infantil não se traduz, invariavelmente, por tristeza e outros
sintomas típicos. A diferença entre os momentos nos quais as crianças podem
estar tristes ou aborrecidas com quaisquer fatores vivenciais que as molestem e
a Depressão verdadeira está, principalmente, no tempo e na motivação para esse
sentimento. A Depressão Infantil tem sido cada vez mais observada devido, em
parte, à atualização conceitual e atenção médica crescente sobre esta doença.
Apesar da Depressão, tanto no adulto quanto na criança,
ter como modelo de diagnóstico a conhecida constelação de sintomas, decorrentes
da tríade
sofrimento moral, a
inibição psíquica global e no
estreitamento do campo vivencial, as diferentes
características pessoais e as diferentes situações vivenciais entre o adulto e a
criança, farão com que os sintomas secundários decorrentes dos sintomas básicos
sejam bem diferentes. O sofrimento moral, por exemplo, responsável pela baixa
autoestima, no adulto pode se apresentar como um sentimento de culpa e, na
criança, como ciúme patológico do irmão mais novo.
Nas crianças e adolescentes é comum a Depressão ser acompanhada também de
sintomas físicos, tais como fatiga, perda de apetite, diminuição da atividade,
queixas inespecíficas, tais como cefaléias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas,
vômitos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc. Na esfera do
comportamento, a Depressão na Infância e Adolescência pode causar deterioração
nas relações com os demais, familiares e colegas, perda de interesse por pessoas
e isolamento. As alterações cognitivas da
Depressão infantil, principalmente relacionadas à atenção, raciocínio e memória
interferem sobremaneira no rendimento escolar.
Os sintomas mais freqüentes da Depressão na Infância e Adolescência costumam ser
os seguintes: insônia, choro, baixa concentração, fatiga, irritabilidade,
rebeldia, tiques, medos lentidão psicomotora, anorexia, problemas de memória,
desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar
presente.
Hoje em dia a ampliação da constelação sintomática atribuída à depressão
infantil tem contribuído, sobremaneira, para a elaboração do diagnóstico e, por
causa disso, cada vez mais os distúrbios do comportamento da criança estão sendo
relacionados a uma maneira depressiva de viver.
A expressão clínica da depressão na infância é bastante variável. Baseando-se
nas tabelas para diagnóstico, revistas por José Carlos Martins, podemos compor a
seguinte listagem de critérios:
SINAIS E SINTOMAS
SUGESTIVOS DE DEPRESSÃO INFANTIL
1- Mudanças de humor significativa
2- Diminuição da atividade e do interesse
3- Queda no rendimento escolar, perda da atenção
4- Distúrbios do sono
5- Aparecimento de condutas agressivas
6- Auto-depreciação
7- Perda de energia física e mental
8- Queixas somáticas
9- Fobia escolar
10- Perda ou aumento de peso
11- Cansaço matinal
12- Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil)
13- Negativismo e Pessimismo
14- Sentimento de rejeição
15- Idéias mórbidas sobre a vida
16- Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama)
17- Condutas anti-sociais e destrutivas
18- Ansiedade e hipocondria
1- Mudanças de humor significativa
2- Diminuição da atividade e do interesse
3- Queda no rendimento escolar, perda da atenção
4- Distúrbios do sono
5- Aparecimento de condutas agressivas
6- Auto-depreciação
7- Perda de energia física e mental
8- Queixas somáticas
9- Fobia escolar
10- Perda ou aumento de peso
11- Cansaço matinal
12- Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil)
13- Negativismo e Pessimismo
14- Sentimento de rejeição
15- Idéias mórbidas sobre a vida
16- Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama)
17- Condutas anti-sociais e destrutivas
18- Ansiedade e hipocondria
Não é obrigatório que a criança depressiva complete todos os itens da lista
acima para se fazer o diagnóstico. Ela deve satisfazer um número suficientemente
importante de itens para despertar a necessidade de atenção especializada.
Dependendo da intensidade da Depressão, pode haver substancial desinteresse
pelas atividades rotineiras, queda no rendimento escolar, diminuição da atenção
e hipersensibilidade emocional. Surgem ainda preocupações típicas de adultos,
tais como, a respeito da saúde e estabilidade dos pais, medo da separação e da
morte e grande ansiedade.
Além disso, tendo em vista a característica atípica da maioria das depressões na
infância, alguns autores começam a pensar neste diagnóstico para outras
patologias bem definidas, como é o caso do Déficit de Atenção por
Hiperatividade, para certos casos de Distúrbios de Conduta (notadamente a
rebeldia, oposição e agressividade) e para os Transtorno Fóbico-Ansioso.
Supõe-se haver uma íntima relação entre todos esses quadros citados e,
principalmente na ansiedade da infância, quer seja como co-morbidade ou como
manifestações clínicas atípicas da Depressão Infantil.
Diagnóstico
O Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência se caracteriza por uma
sintomatologia afetiva de longa duração e está associado a vários outros sinais
e sintomas vistos acima, tais como, insônia, irritabilidade, rebeldia, medo,
tiques, mudanças nos hábitos alimentares, problemas na escola, na vida social e
familiar.
Alguns outros sintomas podem acompanhar o Transtorno Depressivo na infância e
adolescência em idade escolar, tais como, apatia, tristeza, agressividade,
choro, hiperatividade, queixas físicas, medo à morte nele próprio ou nos
familiares, frustração, desespero, distração, baixa autoestima, recusa em ir à
escola, problemas de aprendizagem e perder interesse por atividades que antes
gostava.
É tão comum o Transtorno Depressivo na Infância e Adolescência, a ponto de
alguns autores recomendarem que, sempre que a criança manifestar tais alterações
por um tempo prolongado, deve-se considerar a possibilidade desse diagnóstico.
Entretanto, é muito importante determinar se esses sintomas estão, de fato,
relacionados com um quadro depressivo ou se são parte das ebulições emocionais
normais do desenvolvimento.
E, tendo em mente o fato de ser possível que muitos sintomas incluídos na
relação apareçam naturalmente como parte das etapas normais de desenvolvimento
da infância e adolescência, para se estabelecer um diagnóstico correto de
Depressão na criança é necessário avaliar também sua situação familiar,
existencial, seu nível de maturidade emocional e, principalmente, sua autoestima.
Além das entrevistas com a criança, é muito importante observar sua conduta
segundo informações dos pais, professores e outros colegas médicos ou
psicólogos, atribuindo pesos adequados a cada uma dessas informações.
O diagnóstico da Depressão na Infância tem sido feito em bases predominantemente
clínicas, muitas vezes usando-se os mesmos critérios usados para a Depressão do
adulto, apesar do quadro ser algo diferente nas
crianças, tanto quanto mais jovem for o paciente.
Examinando-se a criança, nem sempre encontramos os sintomas claros e francos que
descrevem seu estado emocional interno. Um esforço de bom senso e perspicácia
deve ser dedicado ao exame clínico, buscando aumentar a possibilidade da criança
menor ser compreendida quanto aos seus sentimentos, apesar de tais sentimentos
serem de difícil identificação. Em muitos casos, observamos apenas uma maior
sensibilidade emocional, choro fácil, inquietação, rebeldia e irritabilidade.
As mudanças de comportamento na criança são de extrema importância, tão mais
importante quanto mais súbitas forem. Assim, crianças anteriormente bem
adaptadas socialmente, passam a apresentar condutas irritáveis, destrutivas,
agressivas, com a violação de regras sociais anteriormente aceitas, oposição à
autoridade, preocupações e questionamentos de adultos. Esses comportamentos
podem ser decorrentes de alterações depressivas. Quando essas alterações não são
graves o suficiente para serem consideradas Episódios Depressivos podemos
chamá-las de Disforias.
As Disforias, que são alterações do humor, são encontradas comumente no
cotidiano e não têm, obrigatoriamente, uma conotação de doença. Tratam-se de
respostas afetivas aos eventos diários, caracterizando-se pela brevidade do
quadro emocional sem comprometimento das condutas adaptativas, sociais,
escolares e familiares. Na realidade as Disforias seriam apenas momentos de
tristeza, angústia e abatimento moral que surgem em decorrência da problemática
existencial normal e cotidiana, tais como as correções dos pais,
desinteligências com irmãos, aborrecimentos na escola, etc.
A diferenças entre as Disforias e a Depressão seria em relação à evolução
benigna das Disforias, o que não acontece quando há importante componente
depressivo. A recuperação das vivências traumáticas e estressoras é mais
demorada e sempre há algum prejuízo da adaptação. Grosso modo, podemos dizer que
as Disforias são mais ou menos fisiológicas na lide com as adversidades diárias,
enquanto a Depressão seria uma maneira patológica de reagir à vida.
Os quadros que se apresentam como Fobia Escolar, caracterizada pela evitação da
escola, por dores inespecíficas, febre sem causa aparente, e outros sintomas
obscuros para fugir das aulas, podem refletir altos índices de ansiedade e
depressão. Deve-se avaliar a presença de baixa autoestima, perda de prazer e,
muitas vezes, até ideação suicida. Podem ser encontradas também, nesses casos,
expectativas negativas e pessimistas da vida mas, como a criança tem grandes
dificuldades para expressar esses aspectos vivenciais de sua vida ou de seu
mundo, essa investigação tem sido muito difícil.
Os sintomas físicos e somatizados também podem ocorrer na criança depressiva.
Cerca de 30% dos pacientes deprimidos apresenta diminuição de apetite e 30%
refere aumento, principalmente nas meninas. Insônia inicial (dificuldade para
começar a dormir) também esta freqüentemente presente (60%) e, um pouco menos
freqüente, a clássica insônia terminal, que é caracterizada pelo despertar muito
cedo.
Na fase pré-verbal a criança deprimida pode manifestar o humor rebaixado
através de expressões mímicas e do comportamento. A inquietação, o retraimento
social, choro freqüente, recusa alimentar, apatia e alterações do sono podem ser
indícios de Depressão nesta fase.
Na fase pré-escolar as crianças podem somatizar o transtorno afetivo, o
qual se manifestará através de dor abdominal, falta do ganho de peso, retardo no
desenvolvimento físico esperado para a idade, além da fisionomia triste,
irritabilidade, alteração do apetite, hiperatividade e medo inespecíficos.
Dos 2-3 anos até a idade escolar a Depressão Infantil pode se
manifestar ainda com quadro de Ansiedade de Separação, onde existe sólida
aderência da criança à figura de maior contacto (normalmente a mãe), ou até
sinais sugestivos de regressão psicoemocional, como trejeitos mais atrasados da
linguagem, encoprese e enurese.
Na fase escolar, o cansaço, a dificuldade de concentração,
as alterações da memória, a astenia e adinamia são as complicações da Depressão
Infantil que comprometem muito o rendimentos escolar e aprendizagem (veja
Dificuldades Escolares). Essa confrontação continuada
com o fracasso acaba fazendo com que o nível de autoestima também se comprometa,
podendo levar a criança a apresentar desde isolamento social até Transtornos de
Conduta (pseudo Transtorno de Conduta, na realidade).
Para essas alterações afetivas possíveis na primeira infância a Organização
Mundial de Saúde (OMS) elaborou uma série de critérios de observação. Foi um
grande passo na descrição das manifestações de transtornos psicológicos nesta
faixa etária, dividindo-os em duas categorias:
1. Reação de Abandono (ou de Dor e Aflição Prolongadas), que é específica das
situações onde falta a figura materna ou de um cuidador afetivamente adequado, e
2. Depressão da
Infância Precoce.
A socialização da criança em idade escolar com Depressão Infantil pode estar
comprometida e se manifesta através do isolamento social, das dificuldades de
relação interpessoal, com sintomas de alteração afetiva (irritabilidade). Na
primeira infância, entretanto, se detectam estas alterações quando o lactente é
pouco comunicativo, confundido normalmente com um bebê muito bonzinho ou,
por outro lado, podem manifestar a depressão com irritabilidade (bebês
irritáveis, com tendência a a hiperexcitabilidade), ou ainda, com aversão à
estranhos (bebês que estranham demasiado as mínimas mudanças em seu entorno).
O bebê afetivamente sensível pode ter dificuldades em relação ao apego. O apego
é um impulso primário como parte de um processo de seleção natural, portanto,
inato. Existem importantes diferenças individuais no estabelecimento das
condutas de apego e na elaboração dos vínculos. O apego é uma resposta de busca
de proteção necessária à sobrevivência da espécie.
A afetividade normal se relaciona com um apego seguro, desde a lactância até
três anos e meio mas, certos padrões inseguros de apego podem ocorrer quando
existe alguma tendência depressiva. O padrão de apego desenvolvido desde tenra
idade será uma das molas mestras para futuros sentimentos de conforto e
segurança determinados pelas relações posteriores.
Quando os lactentes são separados bruscamente de sua figura de apego, como é o
caso de uma hospitalização precoce, ou mesmo um abandono, suas reações tendem a
seguir um padrão semelhante ao processo de luto do adulto. Assim, em uma
primeira fase, o lactente bruscamente separado pode manifestar ira e desespero.
Na segunda fase dessa separação a criança tende a ficar apática, quase imóvel. É
a fase de desapego ou indiferença. Nessa etapa a criança não manifesta mais
emoções diante do reencontro com a figura com a qual antes era apegado. Essa
experiência de perda não se relaciona com as necessidades de alimento, mas de
calor, carinho ou contacto.
Dois fatores têm especial significado para estabelecer as características da
separação: o temperamento da criança e as características pessoais da figura
materna. Quanto mais sensível afetivamente for a criança, maiores os prejuízos
futuros que a separação ou abandono proporcionarão. Veja abaixo a sucessão de
acontecimentos de Dor e Aflição que podem ocorrer durante a separação ou
abandono.
1.Reação de Dor e
Aflição Prolongadas:
Este estado pode se manifestar por qualquer etapa da seqüência: protesto,
desespero e desinteresse.
1. A criança chora, chama e busca ao progenitor ausente, recusando quaisquer
tentativas de consolo por outras pessoas.
2. Retraimento emocional que se manifesta por letargia, expressão facial de tristeza e falta de interesse nas atividades apropriadas para a idade.
3. Desorganização dos horários de comer e dormir.
4. Regressão ou perda de hábitos já adquiridos, como por exemplo, fazer xixi e/ou coco na roupa (ou cama) falar como se fosse mais novo.
5. Desinteresse paradoxal, que se manifesta por indiferença às recordações da figura cuidadora (fotografia ou menção do nome), ou mesmo uma espécie de "ouvido seletivo", que parece não reconhecer essas pessoas.
6. Como comportamento alternativo, a criança pode mostrar-se exatamente ao contrário das características acima; torna-se extremamente sensível a qualquer recordação do(a) cuidador(a), apresentando mal estar agudo diante de qualquer estímulo que lembre da pessoa.
2. Retraimento emocional que se manifesta por letargia, expressão facial de tristeza e falta de interesse nas atividades apropriadas para a idade.
3. Desorganização dos horários de comer e dormir.
4. Regressão ou perda de hábitos já adquiridos, como por exemplo, fazer xixi e/ou coco na roupa (ou cama) falar como se fosse mais novo.
5. Desinteresse paradoxal, que se manifesta por indiferença às recordações da figura cuidadora (fotografia ou menção do nome), ou mesmo uma espécie de "ouvido seletivo", que parece não reconhecer essas pessoas.
6. Como comportamento alternativo, a criança pode mostrar-se exatamente ao contrário das características acima; torna-se extremamente sensível a qualquer recordação do(a) cuidador(a), apresentando mal estar agudo diante de qualquer estímulo que lembre da pessoa.
Luto da Criança
Para entender o impacto que causa na criança a perda por morte de uma figura de
forte apego afetivo (mãe, pai, irmãos), é preciso entender a teoria do apego,
inicialmente pesquisada por Bowlby.
Segundo maravilhoso trabalho de
Cecília Casali Oliveira, existem 3 fases do luto,
assim caracterizadas:
"Busca ou protesto - o intenso desejo de recuperação da pessoa amada e
perdida, que leva a comportamentos de busca inócua, produz uma forte reação de
protesto pela impossibilidade de se alcançar o objetivo desejado.
Desespero e desorganização
- o conflito permanente entre o desejo e sua frustração, leva ao desespero, pois
não se abdica do vínculo estabelecido com facilidade e sem sofrimento. O
pensamento, constantemente concentrado nessa tarefa, deixa pouca possibilidade
para dedicar-se a outras atividades, revelando o quanto é importante o trabalho
de busca de uma resolução para o conflito; o mundo parece estar fora de contexto
para o enlutado, tanto quanto este parece estar fora de contexto para o mundo.
Recuperação e restituição
- o conflito pode ser solucionado a partir de uma nova construção do vínculo com
o falecido, o que preserva a relação em um outro patamar; o sofrimento diminui
gradualmente, permitindo um retorno da atenção para o mundo e trazendo a
possibilidade do estabelecimento de novas relações." (veja
o site)
Ainda de acordo com
Cecília Casali Oliveira, "Stroebe, Stroebe e Hansson
(1993) apresentam um levantamento das respostas emocionais esperadas no processo
normal de enlutamento. Acrescentam que, em casos de luto complicado, esses
aspectos podem apresentar-se com intensidade ou duração alteradas, apontando
para a impossibilidade de se caminhar dentro do processo esperado e
constituindo-se um indicativo da não resolução do luto.
1) Choque, entorpecimento e dificuldade de acreditar na realidade;
2) Pesar e tristeza, acompanhados por dor mental e sofrimento, com choro e
lamentação;
3) Senso de perda devido ao reconhecimento da ausência e da impossibilidade de
recuperação;
4) Raiva é comum e pode se voltar contra a pessoa falecida, familiares, médicos,
amigos e mesmo contra o próprio ego;
5) Culpa e arrependimento, que aparecem sob as formas: culpa por sobreviver,
pela responsabilidade da morte ou pelo sofrimento que ela trouxe e, ainda, pela
deslealdade do falecido;
6) Ansiedade e receios que aparecem sob a forma de insegurança, medos ou crises
de angústia;
7) Imagens repetitivas da pessoa falecida próxima da morte, da doença, com
caráter intrusivo e fora de controle;
8) Desorganização mental apresentando graus variados de distração, confusão,
esquecimento ou falta de coerência;
9) Sobrecarga de tarefas e dificuldades para sua realização, que trazem a
sensação de estar perdendo o controle, de desamparo e de sentir-se incapaz de
enfrentar a realidade;
10) Alívio, especialmente após doença longa e sofrida, pelo término do
sofrimento;
11) Solidão, que se expressa como sentir-se só mesmo quando em grupo e com picos
de sentimentos intensos de isolamento;
12) Sentimentos positivos também aparecem, a intervalos, em meio ao pesar."
2. Depressão da Infância Precoce:
1.
Estado de ânimo deprimido ou irritável
2. Interesse e prazer diminuídos nas atividades apropriadas para seu desenvolvimento,
3. Capacidade reduzida para protestar,
4. Repertório diminuído de interações sociais e de iniciativas.
5. Perturbações no sono e/ou na alimentação,
6. Perda de peso.
7. Sintomas presentes durante um período de pelo menos duas semanas
2. Interesse e prazer diminuídos nas atividades apropriadas para seu desenvolvimento,
3. Capacidade reduzida para protestar,
4. Repertório diminuído de interações sociais e de iniciativas.
5. Perturbações no sono e/ou na alimentação,
6. Perda de peso.
7. Sintomas presentes durante um período de pelo menos duas semanas
Em crianças no final da 2a infância (dos 6 aos 12 anos), podemos encontrar
quadros de base depressiva mais típicas, mas nem sempre. Quando a depressão é
muito grave, o que felizmente não é tão comum, sintomas francamente psicóticos
também podem aparecer, tais como idéias delirantes, alucinações, e severo
prejuízo das atividades sócio-familiares, incluindo a escola. As idéias suicidas
também não são raras, embora dificilmente antes dos 10 anos de idade.
Dentro da Depressão Infantil atípica, a mais comum, podemos ainda encontrar
crianças erroneamente tomadas por delinqüentes e, não raro, crianças que chegam
de fato ao suicídio. Tendo em vista a elevada incidência da Depressão Infantil
registrada por inúmeros autores, será lícito e sensato pensar sempre na
possibilidade depressiva diante de qualquer criança problemática.
Suicídio
No adolescente a relação depressão-suícidio é bastante significativa. A grande
maioria dos adolescentes suicidas (94%) apresenta problemas psiquiátricos, sendo
a Depressão o mais importante deles (51%). O suicídio de adolescentes é,
atualmente, o responsável mais importante que doenças cardiovasculares ou o
câncer pelas mortes de jovens de 15 a 19 anos .
Em nosso meio, Friedrich (1989) observa a ocorrência de alterações emocionais
merecedoras de tratamento médico em dois terços da população estudada, e sem
relações diretas com nível intelectual e sócio-cultural dos pacientes.
Concomitantemente, refere que a tentativa familiar de negar o fato como o
principal responsável pelas dificuldades de atendimento do paciente em questão.
Assim, reforça-se mais uma vez a necessidade de um diagnóstico fidedigno da
depressão na criança e no adolescente.
A taxa do suicídio para adolescentes aumentou mais do que 200% na última década.
Os estudos recentes mostram que mais de 20% dos adolescentes na população geral
tenha problemas emocionais e um terço dos adolescentes que procuram clínicas
psiquiátricas sofrem de depressão. A grande maioria das depressões em
adolescentes pode ser muito bem controlada ambulatorialmente e com a sustentação
da família com muito sucesso .
Os atos suicidas geralmente estão associados com uma crise depressiva aguda e
significativa na vida do adolescente. É importante reforçar que a crise pode
parecer insignificante aos adultos ao redor, mas é sempre muito significativa ao
adolescente. A perda de um namoro, de uma nota na escola ou a constatação de uma
crítica pejorativa adulto significativo, especialmente o pai ou um professor,
pode precipitar um ato suicida no paciente depressivo.
Fonte: http://www.psicopedagogiaclinica.com.br/depressao.htm
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