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Síndrome de Down: como descobrir e lidar?

Síndrome de Down: como descobrir e lidar?

POR AGDA MATTOSO | 
A psicóloga Agda Mattoso fala sobre características de quem possui a síndrome
A síndrome de Down voltou a ser notícia na mídia brasileira quando um estudante de 21 anos, portador da síndrome, ingressou na Universidade Federal de Goiás. Geralmente a síndrome de Down é associada à deficiência cognitiva o que não significa que os portadores não possam ter uma vida normal e avançar nos estudos escolares e até mesmo acadêmicos.
A síndrome de Down resulta de um acidente genético conhecido como trissomia 21, uma alteração no par de cromossomos 21 que recebe um gene a mais. Estudos relacionam esta alteração com a idade da mãe durante a gestação, a partir dos 35 anos as gestantes têm maior probabilidade de gerar crianças portadoras da síndrome, mas também há incidência de mães, com idade inferior a 35 que têm filhos com síndrome de Down, o que poderia ser explicado pelo fato de que mães nesta faixa etária podem gerar uma quantidade maior de filhos, o que consequentemente aumentaria as chances de gerar um bebê com a síndrome devido à possibilidade de ter um maior número de gestações.
Afinal todos somos iguais, mesmo quando precisamos de um apoio ou de um acompanhamento, podemos realizar nosso potencial humano
A alteração genética do cromossomo 21 resulta numa síndrome cujos portadores apresentam características cognitivas e físicas comuns, sendo a flacidez da musculatura, a deficiência intelectual e os problemas cardíacos as principais peculiaridades.
Devido à flacidez muscular as pessoas com síndrome de Down apresentam atraso no desenvolvimento motor. Os bebês levam mais tempo para manter a cabeça e o tronco ereto sem sustentação de outras pessoas e os primeiros passos são mais demorados. A alimentação e a fala também são afetadas, a língua hipotônica, que fica para fora da boca, dificulta a alimentação e a articulação correta para produção de sons e da fala.
Em termos cognitivos as pessoas com síndrome de Down apresentam déficit, que às vezes, é acompanhado de comportamentos socialmente imaturos em relação à idade delas.
Atualmente há exames clínicos, bioquímicos, genéticos e de imagem realizados durante o pré-natal que detectam se os fetos são portadores da síndrome. Por isso é muito importante que, independente da idade materna, a gestante realize o acompanhamento médico já que a síndrome pode aparecer em indivíduos independente de raça ou de nível social. Como um acidente a síndrome de Down não pode ser prevenida diretamente, mas pode ser detectada precocemente, quando o bebê ainda está na barriga da mãe.
O diagnóstico, quando realizado o mais breve possível, é determinante para aumentar a sobrevivência e a qualidade de vida das pessoas com a síndrome, que apresentam problemas cardíacos desde as primeiras horas de vida. Através do diagnóstico as famílias são orientadas sobre a condição de saúde atual do bebê e sobre a importância da estimulação precoce.
Famílias que recebem informações e que buscam a estimulação, com o objetivo de proporcionar estímulos que desenvolvam o sistema sensório-motor e a área cognitiva, proporcionam a seus filhos maior independência para realizar as tarefas motoras e cognitivas.
No Brasil atualmente há vários centros de apoio ao desenvolvimento das pessoas portadoras da síndrome de Down que contam com profissionais qualificados nas diversas áreas como fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, medicina e pedagogia e que oferecem tratamentos específicos para os portadores visando o desenvolvimento e a qualidade de vida.
As pessoas com síndrome de Down podem e devem ter uma vida como a de qualquer outro cidadão prova disso é o caso recente do estudante goiano que entrou na faculdade e virou notícia por ter vencido uma barreira cognitiva que poderia impedir o acesso ao ensino superior.
Fonte: Agda Mattoso é psicóloga especialista em Psicologia Clínica pelo Conselho Federal de Psicologia e psicoterapeuta breve pela Unicamp.

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